quarta-feira, 8 de janeiro de 2014
O moletom azul esquenta minha
pele em dias de garoa ventosa. No entanto, ele não consegue suprir as
necessidades de calor do meu interior. O mesmo chocolate quente que aquece um
estômago dilacerado pela Coca-Cola, não preenche a solidão. Estou marcada pelas
desventuras de Narciso. Agora sou olhos antissociais à deriva.
Seria esta uma esplendorosa forma
de me alertar? Alertar para o quê? Quiçá eu não seja uma condutora de
marionetes. Tão pouco tenha alvará para ser roteirista. Sou apenas uma atriz em decadência. Possuo ,
unicamente, cigarros que me consolam. Os cigarros e as suas cinzas.
Cigarros que em findos tempos
foram fumaça. Esbranquiçada. Lampejo de luz que me levou até você. Ardente
paixão me conduzindo ao torpor. Inefável desejo carnal. Doçura e amor.
Acreditei ser uma primeira. Destino indizível! Conduziu-me ao índigo e, lá, o
Sol apagou. Oh! Que negror! Negror... Negror...
A culpada sou eu. Sei. Sim.
Joguei carvão no orvalho. O mundo enegreceu. Maldito pecado! Dilacerei-o.
Mutilei-me. Pedras estão palpitando. Efeitos das lágrimas, minhas e tuas, que
congelaram no olhar. Arrependimento paira sobre mim. Sufoca na agonia. Choro.
Há o perdão? Não sei. Você
preferiu iludir-se. Levou-me junto. Oh, crença estúpida! Somos preto ou branco,
não existe o meio. E numa indecisão, marcada por paradoxos meus, descobrimos
outra via.
Chegada é a vingança. Viramos um
ex-casal apaixonado. Presos no brio; estamos resolutos. Disputa acirrada,
regras nebulosas. Teu inimigo. Minha amiga. Todos são instrumentos. Humanos são
meios. Tornamo-nos vis.
Sem sentido. O caos. Bocas secas
e pulsos rápidos em casuais encontros. Minha garganta arde com a sede de Algo.
Observação mútua. O seu orgulho. A minha teimosia. Círculo vicioso. Saudade.
Certeza do final. Consumição. Depressão.
O moletom azul esquenta minha
pele em dias de garoa ventosa. Agora sou olhos antissociais à deriva.
Assinar:
Postar comentários
(Atom)
0 comentários:
Postar um comentário