terça-feira, 18 de junho de 2013
Sorrisos escondidos pelos fios
longos, jogados em ondas descoloridas por sobre a mochila. Cenho franzido,
sobrancelhas unidas. A dúvida inerente e inconcebível tornava inconclusa tua
última obrigação antes do aclamado recesso junina já chegada a todos exceto a
ela. Num desesperado ato de ver sanadas as suas dúvidas, busca, de forma
latente, a resposta pelo cômodo vazio. E seus olhos se cruzam. Os dois pares
castanhos, casualmente encostados no batente da porta pintada nos tons da
melancolia, deixaram escapar, em sue brilho, o dúbio motivo da visita,
entretanto, a íris escura, absorta em teu problema bimestral, ignora qualquer
indicio da enrascada que virá acometê-la. E enfim desiste. Segue-as pelas infindáveis
escadas. Três pequenos corpos circundados por cabeleiras longamente cheias:
negra como o céu noturno da galáxia; ruiva como um tom claro de laranja já sujo
e desbotado; castanha excêntrica tentando provar algo para si mesma.
Dois olhares trocados e já é
tarde quando se percebe perdida. A insistência arranca-lhe um “sim” contrafeito.
À tarde, enquanto a água lava os erros cometidos, descobre-se desejosa da
noite. Seria a chance de iludir-se? Ou, quiçá provar para si mesma que não é
apenas mais um clichê obsoleto? Iria finalmente opugnar os constantes
redemoinhos estomacais à própria guisa, o resto seria abjeção do ato. Passa o
perfume mais marcante e não escolhe a roupa – deixa a irmã incumbida de tal
tarefa. Não queria se lembrar, mas queria ser lembrada. Diferente, porém igual,
se pôs em marcha.
Encontra-o mais cedo que seu
refestelado coração previra. O outro também estava lá. O sangue pareceu correr
mais depressa pelas finas veias. Tensão. Fugiu. Escondeu-se no meio da multidão.
Havia ali pessoas suficientes para protegê-la de seus contratos assinados no
impulso. Acham-na. Não há escapatória. Contudo. Algo de errado invade a brisa
noturna. Oito horas e seu senso lhe diz que irá cometer terrível erro.
Arrisca-se. Seu canto favorito torna-se estranho. O sabor é doce, porém ela
prefere o salgado, todavia sua meiguice desabrochada a faz desejar o açúcar.
Confusão de sentimentos tomou conta de sua carne. O desejo tentou conduzir-lhe;
a razão reagiu. Brigaram. O peito quase explodindo, foram interrompidos.
Grudaram-se novamente.
Com as luzes da cidade
esmaecendo, sentiu medo: pela primeira vez, não se arrependeu de um ósculo
confusamente inebriante.
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